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O conto chama-se Lobo . É uma viagem até ao fim da noite estrelada... Lobo - 27/1/2008 Viu a noite aproximar-se naquele crepúsculo púrpura e longínquo alongando-se como um eco. Pensou nela, na sua figura alva por entre as sedas da imaginação. Decidiu ir. Ela morava numa outra cidade não muito longe dali. Para ele tudo era um atuar, improviso. Desde a forma como vestia à forma como sentia até à forma como pensava, tudo obedecia a uma lógica simples de equilíbrio entre opostos irreconciliáveis, ser e não ser, estar e desaparecer. O seu inconsciente desenhava aquela mulher como um anjo andando por sobre as águas, leve e doce levada numa brisa fria suspirando. Ele sai á rua como uma sombra silenciosa voando pelo escuro claro da noite névoa. Ao seu redor uma neblina conspirava suaves candeeiros acesos em tons amarelos. Toda a cidade era um pântano espiritual maldito de onde emergiam suaves murmúrios correndo e
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O conto chama-se "A man in the crowd" e é baseado no conto do mesmo nome de Edgar Allan Poe escrito em 1850. É um homem que sai para a rua e vai descrevendo o que vê. Trata-se sem dúvida de um 'flaneur' do século XXI.  A man in the crowd – 25 de Janeiro de 2018 Abri a porta. O ar da manhã era frio. A luz, a luz reverberava-me luzidios esquecimentos por entre o céu líquido azul. Quem eu fora já não importava… Caminhei pela rua por entre as pessoas. E as pessoas eram eu também. As pessoas, as pessoas eram miríades de eus que saiam das perceções que ali tive enquanto caminhava só pela calçada. Eram elas. Todas elas. Belas, feias, boas, as pessoas… Indo para o trabalho, indo para algum lado, indo passar o tempo de alguma maneira. E era como se navegassem em canoas deslizando num mar parado de cristal. E lá iam elas. Suaves, a deslizar, as suas almas nuas eram como bandeiras desfraldando-se no vento frio da manhã. As suas roupas, as suas roupas
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Este escrito chama-se 'Isto'. É a história de alguém que acorda de manhã e vê o novo dia que chegou. Isto – 26/9/2016 Amanhece. Deus dá o imenso a quem o vê. A manhã submerge da escuridão trazendo os sons usuais de quem acorda estremunhado vindo de um mundo de sonho de onde caiu no que diz ser acordado mas que foi de facto outro sonho para onde caiu e que sempre continua em qualquer lado. Ele desperta para este mundo com a estranha sensação de já ter visto tudo. Amanhece. O corpo entranha-se de mundo físico, de desejos e impressões, de suaves perceções que aparecem como ondas do mar, vagas leves a rolar repetindo-se irrepetíveis na vastidão do som e do espaço. Amanhece. Acordou com o céu e o sol a abrirem-se dos montes a nascente como uma forte torrente de emoção e plenitude. Tudo estava no seu devido lugar, como sempre esteve e estará, pensou breve, enquanto via o nascer do sol a dedilhar raios de luz por entre os montes e o azul indefinido,