Pensando livremente no Jardins das Vitórias:

Pensando livremente nos jardins das vitórias, vi um mundo que tem de ter ideais para fugir ao império das máquinas e dos comprimidos que está por aí, esse império que mina lentamente o espirito popular português numa modorra de sentir, amaciado, efeminado e mole, meditando num vazio que torna a vida sem ter quaisquer desejos de superação de si próprio, que se torna uma cópia de algo já feito, uma marca registada do imperialismo que constrói robots em vez de seres humanos livres e plenamente desenvolvidos.
Neste jardim onde penso, a vida pode ser algo mais do que este politiquismo do troca de acusações showbiz que olha mais para si ao espelho, como um Narciso Fakebookiano, do que para as reais necessidades do povo.
Nos palcos de hoje vemos ecrãs que substituem as imagens reais da verdade, as falsas imagens construídas para a venda rápida de comércios inúteis, os falsos ídolos que esmagam o nosso pensar rápido e caótico de ter televisão, telemóvel, internet plastificada para clicar e mirar e perder a concentração profunda, o que nos faz ser borboletas mentais, fáceis alvos dos caçadores e da exploração porque simplesmente já não se saber ter discernimento próprio e medir os dias, aprendemos nadas fast-food em vez de saborear e meditar pausadamente as páginas de um bom clássico, de uma vanguarda iluminante que nos possa fazer libertar desta asfixia de sermos sempre pobres em espírito mas ricos em coração que caracteriza o povo português.
Os costumes seculares do nosso povo estão a ser substituídos por máquinas de fácil uso que substituem o flashy das corzinhas do telemóvel pela comunicação real das pessoas, cara a cara, coração a coração, que procure e exponencie as potencialidades do ser humano, que já estão dentro dele e não nas distrações deste mundo liquido, e que por certos métodos metódicos, alguns bem antigos, podem ser alcançados outros estados de consciência quem apoiada na sabedoria e na prudência e nas virtudes a desenvolver, após árduo esforço de autodesenvolvimento, resultam num ser humano único sempre em expansão evolutiva.
Os outros não evoluem por nós, somos nós, cada um de nós, o responsável pela construção dos nossos sonhos, e essa construção começa aqui na terra com o empenho em sermos melhores e deixarmos o mundo um pouco melhor, mais respirável do que esta modorra de Portugal mole, teatral, fútil, seco, que busca ídolos com pés de barro para justificar brilhos falsos que de facto não existem.
Urge acordar, sair da caverna de Platão, ir a viajar pelas luzes da razão, da emoção, do coração, da busca interior, do poço profundo da reflexão que leva à outra luz do sonho.
O sonho em Portugal hoje esbate-se no comércio, na feira de vaidades e nas intrigas mimimi, do disse que disse que vai esmagando a boa consciência que formou o bom senso dos portugueses durante muitos séculos. Essa consciência mítica existe ainda no substrato da pele de cada um ser vivo, no seu coração, que habita este retângulo único de matriz judaico-cristã que propunha uma exaltação dos valores mais nobres do ser humano, aprendidos arduamente na caminhada humana. Essa consciência mítica deve ser resgatada para os dias de hoje e formar novas formas de pensar a realidade, filmando-a com as lentes da razão, do coração e da emoção, e ser, uma chama viva que una as pessoas numa fraterna corrente rumo ao aperfeiçoamento de si mesmas, de tudo em todos os lugares.
Viver, e ao pensar neste jardim das luzes onde me sento sei, que é o fruir os dias, não como espumas líquidas que se desfazem no tempo vão, o ruir de túmulos que importa, é gozar, é gemer, é saborear as delicias do sonho que se mistura na realidade concreta e que faz, de facto, qualquer um de nós, seres vivos, únicos, genuínos, lutadores de causas locais que possam realmente fazer do progresso humano e altruísta de cada um de nós um dever de ser, uma missão do evoluir para cima, para diante, até ao sem fim do sonhar português.
Esse sonho está impresso nos dias bem vividos das pessoas novas que querem ser em si mesmas crianças aprendizes, que desenvolvem o sonho e a realidade mutando os momentos mortos numa ascese para a luz, e que essa indefinível luz, essa Luz da Luz, seja o píncaro por onde sobem as escadas dos poetas vivos à solta, todos nós, os livres.

Marco Oliveira

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