Esta história passa-se junto ao mar á dezenas de anos atrás.
Podemos ver o horizonte ao longe formando uma linha distante, lenta e longa no fundo azul entre o céu e o mar.
Podemos ouvir o mar, o seu rumor indo e vindo em ondas lânguidas soltando espuma bravia nas areias molhadas.

Um jovem caminha junto às águas.
Caminha durante algum tempo sob o sol quente tingido com o vermelho vivo do poente.
O jovem senta-se na areia.
Fecha os olhos e sente a presença de um anjo que desce de um raio de sol.

"Olá!" - diz a voz suave.
"Olá." - diz o jovem.
"O que tens?" - perguntou o anjo.
"Estou zangado! Atiraram-me uma pedra lá na cidade."
"Quem foi?"
"Foi um amigo…"
"Com quem estás zangado?" - perguntou o anjo.
"Com esse amigo!"
"Não estás zangado com a pedra? Foi ela quem te atingiu."
"Não estou zangado com a pedra, ela é um objeto inanimado…"
"Mas foi a pedra que te atingiu, não uma pessoa, porque não estás zangado com a pedra?"
"Não estou zangado com a pedra, a pedra não tinha a intenção, é apenas um objeto inanimado atirado por uma pessoa, por isso estou zangado com essa pessoa…"
"Usando essa lógica, não deves estar zangado com essa pessoa, mas estar zangado com a dor dela, porque a pessoa é como a pedra, foi atirada sem culpa por essa dor…"

O jovem ficou só a ouvir o rumor do mar.
A voz do anjo transformara-se num vento macio que passava suave pela sua face.

Hoje estou aqui, junto ao mar, no mesmo sítio, de barbas brancas.
Posso recordar as palavras do anjo tal como foram proferidas então.
Percebo agora claramente a sua maneira de pensar, o seu sentido escondido.
Hoje posso compreender o valor do perdão…



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