Artigo sobre Cultura Musical Raphael Lux

Nós presenciamos uma Sinfonia de Beethoven hoje como se estivéssemos perante um marco de um período inteiramente novo da Arte Universal, pois através dele foi permitido chegar ao mundo um fenómeno que não teve sequer nem uma ténue aproximação na Arte ou na obra de uma pessoa que nos pudesse mostrar algo semelhante. – Richard Wagner

 

Ludwig Von Beethoven nasceu em Bona, na Alemanha, a dezasseis de Dezembro de 1770. Ele veio ao mundo com uma missão bem definida. Citando as palavras de Johan Herder, oriundas dos seus Estudos Filosóficos sobre a História da Humanidade: “Deus age sobre a Terra só através da ação de homens superiores.”

Beethoven não viveu uma vida calma, nem pacífica cheia de felicidade. Como muitas almas evoluídas, desde pequeno “ele foi um homem de sofrimentos, bem acostumado com a dor” pois ele vivia num estado de desesperada pobreza vivendo rodeado por pessoas incompatíveis e por um ambiente que não o fazia progredir.

Ele disse a si mesmo: “Eu não tenho um amigo, dessa forma devo viver sozinho. Mas eu sei que no meu coração Deus está mais perto de mim do que os outros. Eu aproximei-me Dele sem medo pois eu sempre O conheci. Nem me sinto ansioso pela minha música, que nenhum final adverso pode ultrapassar, ela irá libertar o ser humano que a entender da miséria que aflige os outros seres humanos.”

O génio musical de Beethoven ficou evidente logo desde cedo. Quando ele ainda era muito jovem ele foi enviado a Viena onde ficou a estudar algum tempo. Ele fez a sua primeira aparição nessa cidade em 1795, tocando o seu próprio concerto para piano em Si-Bemol Maior.

“Na Idade Média,” escreve Charles O’Connell no seu Victor Book of the Symphony, “numa idade onde o Republicanismo era uma traição – ele desafiou o seu tempo ao ser republicano mesmo quando pediu apoios a membros da corte e príncipes. Num tempo onde ser liberal era ser herege, ele viveu a grande religião do humanismo – sem contudo desrespeitar a ortodoxia estabelecida. Quando aristocratas perfumados se detinham a observar a figura soturna, as suas maneiras grotescas, as suas roupas absurdas, eles ridicularizavam-no, escarneciam-no e troçavam da pobreza de toda a sua aparência. Mas ele era demasiado grande para ser ignorado, demasiado pobre para ser respeitado, demasiado excêntrico para ser amado, e assim viveu, uma das mais estranhas figuras de toda a História.

A tragédia perseguiu-o como um cão de caça. Ele ficou surdo passando os seus últimos anos de vida habitando um espaço obscuro de silêncio. Nesse silêncio ele retirou de si todos os sons do mundo que o mundo iria adorar ouvir, e ele, de todo o mundo, seria o primeiro ouvir esses sons.

No alvorecer da Civilização, os Mistérios foram criados  com o propósito de ensinar à Humanidade formas de expandir as suas faculdades e poderes latentes de modo a que o ser humano pudesse investigar a vida e o trabalho que se efetua com os seus veículos no mundo astral, no mundo mental e no mundo espiritual que pertencem em conjunto ao homem e à terra.

Muitos clássicos literários contêm informações relativas aos Mistérios. Isto acontece, por exemplo, na Divina Comédia de Dante, no Paraíso Perdido de Milton. Beethoven foi descrevendo essas obras musicalmente nas suas peças denominadas as nove sinfonias.

O Caminho da Iniciação leva-nos a uma investigação pelas maravilhas  e glórias que existem nos mundos interiores deste planeta terra. O homem é muito mais do que um veículo físico que pode ser visto com olhos físicos. O ser humano é composto por veículos subtis que se interpenetram que se estendem para além no espaço. Através das viagens iniciáticas, o ser humano torna-se consciente desses veículos mais subtis e das suas funções, e dessa forma ele adquire conhecimento de vários veículos do planeta terra e das suas funções.

No século dezanove, um certo número de almas mestre reincarnou na terra de modo a trazer de novo às mentalidades vários conceitos das verdades espirituais mais elevadas ligadas à Iniciação – estes foram conceitos que foram nos tempos anteriores esquecidos e retirados do conhecimento público durante os séculos de materialismo que envolveram o mundo. Essas verdades puderam graças a ele ser revividas por aqueles que as pudessem aceitar e assim, deste modo, elas puderam ser fortalecidas e preparadas para os anos dramáticos e trágicos do século vinte e um.

Richard Wagner foi outro músico iniciado, entendeu e soube apreciar a obra de Beethoven e a sua missão que iria ser dada ao mundo. Wagner percebeu bem o significado interior sublime e a exaltação da alma patente na nona sinfonia. Ele considerou essa sinfonia uma dádiva musical suprema à Humanidade. Quando ele construiu esse magnifico altar da música em Beyreuth, ele teve uma dedicatória comemorada pela força imortal da celestial sinfonia número nove de Beethoven.

Berlioz dedicava muita atenção á nona sinfonia: “O que podemos dizer dessa sinfonia é que Beethoven, quando finalizou a sua obra, e quando contemplou a majestade do monumento que ali tinha construído, ele bem podia ter dito isto a si mesmo: “A morte pode vir agora, a minha tarefa está consumada.”

Todo o culminar da vida de Beethoven está na construção das suas nove sinfonias. Eles começou as primeiras sinfonias quando o mundo atravessava o umbral do século dezanove.  A primeira sinfonia foi escrita em 1802. A nona sinfonia foi a última composta por ele, foi dada ao mundo em 1824. Com esta composição sublime a sua missão terrena aproximou-se da sua conclusão gloriosa. O chamado das estrelas veio em 1827.

No seu aspeto oculto, as nove sinfonias de Beethoven são a interpretação musical dos passos iniciáticos conhecidos como os Nove Mistérios Espirituais. A primeira, a terceira, a quinta e a sétima sinfonias são poderosas, vigorosas, combativas, simbolizando as características masculinas centradas na cabeça ou no intelecto. A segunda, a quarta, a sexta e a oitava sinfonias são suaves, graciosas, carinhosas e belas, simbolizando as características femininas centradas no coração e na intuição. À medida que o aspirante à vida superior passa ao longo dos vários degraus da iniciação ele aprende a equilibrar as forças da cabeça e do coração. A união entre os dois chama-se Casamento Místico. É este belo ritual que Beethoven descreve na sua sublime música da nona sinfonia.

Cada iniciação é acompanhada por música celestial – música que Beethoven soube trazer á terra traduzindo-a para a audição humana nas nove sinfonias. Quando chegamos ao nono degrau da iniciação o candidato obtém o mais algo grau da mestria. Ele torna-se um Adepto. Então ele é digno de estar na presença do Senhor Cristo recebendo dele a bênção.


. ' . Tradução livre de Raphael de um texto da Revista Rosacruz de Janeiro, Fevereiro e Março de 2021

   

 

 

Comentários

Mensagens populares deste blogue