Pensando livremente sobre o uso de armas nos nossos dias...

 

Ao saber do que se vai passando em certos países, por exemplo, falando de tiroteios que ceifam a vida a pessoas inocentes, não podemos deixar de pensar no erro que é deixar as pessoas comprarem livremente armas.

Torna-se surreal, no seu pior sentido...

A ideia de que as pessoas más com armas devem ser paradas por pessoas boas com armas não convence bem na sua eficácia, esta ideia pode ser ainda considerada violenta e provocar muitos desentendimentos.

Uma sugestão a melhorar será talvez, como é feito nos tratados de armas nucleares ao mais alto nível, haver um desarmamento geral onde as pessoas que possuem armas devam de facto ter a comprovada sanidade, probidade e a devida responsabilidade reconhecida como tal, sendo testados física, psicológica, emocional e intelectualmente para usarem esse tipo de dispositivos, desta forma garantimos a segurança dos cidadãos que, e ainda mais em tempo de paz, não necessitam de armas para coisa nenhuma pois já têm os agentes da segurança cuja função é mesmo essa, a de garantir a paz e a segurança de todos e do bem comum.

Com o avanço das tecnologias e observando a evolução das vigilâncias como elas estão hoje, parece estranho falarmos ainda em andar com armas pelas ruas como nos filmes violentos antigos onde alguém munido de fundamentalismos e loucura, entrava num saloon adentro e desatava a disparar a torto e a direito enquanto numa esquina está um cartaz a dizer Wanted Dead or Alive como nos tempos do faroeste...

Estamos no século XXI e não no tempo das carroças, dos bandoleiros e dos salteadores com ideais perdidos...

Em países que espalham a civilização e os ideais de progresso pelo mundo, ideias civilizadoras como por exemplo a da convivência pacífica entre os diversos grupos sociais, culturas e etnias deve ser largamente difundida em canais educativos pois isso é, só por si, uma garantia segura para a paz, para a riqueza cultural, progresso e  avanço das nações.

A vaga de imigração a que assistimos hoje em dia em direção ao nosso país mostra que um dos grandes atrativos para a escolha e para a estadia de milhares de pessoas em Portugal é por este ser um país que comunga de um clima de paz, urbana, social e cultural, com outros países europeus, onde muitas vezes fica sugerido mesmo, nas bocas dessas pessoas, um velho rifão que coloca o povo português como um povo antigo, feito de descobertas, de descobridores, de encontros, de idas e partidas, de amizades e de, acima de tudo, “brandos costumes”.

As armas, se verificarmos bem, são mais para serem usadas por quem se treinou devidamente para o seu uso de forma oficial e passou por todos os testes, físicos, intelectuais, emocionais e psicológicos, de modo a poder manejá-las com um fim exclusivo de paz, de defesa dos cidadãos e do bem comum, e, ao verificarmos bem, é essa uma das razões pelas quais se pagam impostos ao Estado.

Relembremos a História… Saber o passado, poderá prevenir o futuro, assim dizia Confúcio, célebre sábio chinês…

Demasiadas armas hoje poderão ser sinal de guerras amanhã...

Ódio gera ódio e violência gera violência, tudo numa compensação que pode ter crescendos fatais e infelizes para o entorno social, habituado mais à paz, à convivência pacífica, à tolerância do que propriamente à violência.

Essa violência muitas vezes começa por tomar a forma de insinuação, depois vai crescendo numa verbalização, depois torna-se numa educação demencial que tem como consequências o enraizamento de verdadeiras violências que crescem mais nas camadas da população onde existe uma cultura humana mais frágil, mais débil e depauperada, e isso pode levar a crimes, a divórcios, a violências, a genocídios, etc…

Estes fenómenos violentos devem ser vistos como as ervas daninhas que devem ser retiradas com precisão pelos cientistas sociais vários, pelos opinion makers, pelos cidadãos no seu geral e pelas autoridades competentes, pois o seu crescimento impede a saúde de todo o campo de cultivo que pode começar por ser uma casa, uma família, um prédio, um bairro, uma comunidade, uma região e até um país…

A Europa, já está bem avisada, pelas experiências amargas que provou e nas guerras por que passou, em tempos recentes e ao longo da sua História, e, se nós não as queremos de facto no nosso quintal, preparemo-nos já em nossa casa, na nossa família, no nosso prédio, no nosso bairro, na nossa comunidade para uma cultura de paz, de tolerância, de abertura à diversidade e humana e cultural, de modo a obtermos essa convivência pacífica e fraterna rumo a uma paz total, sem mais ódios mesquinhos e insinuantes que se alimentam de estereótipos gastos e inúteis, que apenas acrescentam mais e mais violências, mais e mais esquizofrenias a um mundo já por si carregado de desejos líquidos, já carregado de imagens e cenas de devastação…

Lembremo-nos sempre de uma lei universal:

Não matarás...

A partir do momento em que as linhas da decência são ultrapassadas aparece como consequência lógica e inevitavelmente o caos e o horror que nos enche de náusea por vezes ao assistirmos aos telejornais, palcos por vezes de um desfilar de gente perdida, e de tristezas, de pessoas sem motivo para esperanças renovadas.

Nessas alturas, a única coisa boa talvez que podemos fazer ao assistir a esse palco televisivo, onde as desgraças da Humanidade muitas vezes desfilam em série, é a firme atitude de olharmos para nós mesmos e de verificarmos bem se algumas vezes não estivemos também naquele lugar, se nós de facto não temos em nós certos traços disso, servindo assim desta forma a televisão como um espelho que podemos usar como meio de nos regenerarmos a nós mesmos no sentido de evitarmos em nós as causas daquilo a que assistimos e, ao mesmo tempo, não ficar indiferentes às desgraças alheias agindo socialmente para as atenuar através do serviço. 

A televisão, também ela, deveria ser um instrumento de paz e de cultura e menos um espetáculo voyeurista passivo do medo e da alimentação de fobias que interessa a alguns que se espalhem com interesses dúbios...

A arma melhor do ser humano é ele nascer desarmado, amoroso e pacífico, é ele ser um instrumento para a luta pacífica edificada pela palavra amorosa que constrói e edifica, pela ação reta, pelo exemplo digno, para proporcionar paz, civilização e estabelecer a fraterna convivência entre as pessoas.

Assim procedendo ele colherá os bons frutos de que nos fala São Paulo, os frutos do espírito, feitos de amor, de gozos e tranquilidades, proporcionando a si mesmo um vasto horizonte de aprendizagem, de caminho e de esperança muito mais luminoso e radiante do que este que se nos depara em tempos de pandemia.

Esta questão da convivência pacífica deveria ser do âmbito de todos nós, do cidadão informado, e nunca um assistir passivamente ao cultivo assustador da imagem do cowboy esquizoide, do maldoso insinuador vilão, fruto de tempos idos, causa de desordens e de guerras que repelem, afastam o amor atraindo somente mais do mesmo, dor e sofrimentos.

 

Raphael 

 

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